Thursday, March 29, 2007


O OBSERVADOR


"Observo tudo

Sou um simples observador

Detenho meu olhar

Diante da dor, das pequenas alegrias

Dos mínimos detalhes

Passo dias e noites apenas observando

Sou o observador

Para mim não há pecado nem perdão

Apenas os fatos

Matéria-prima

Nuances de cada vida

Observo as faces e feridas

Encontros e despedidas

Pois assim esqueço de minha dor

Dor de ser um simples observador."


(Gustavo Adonias)
*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*


Tuesday, March 27, 2007


ROSTO PERDIDO


"Perdi meu rosto

Ainda o vejo exposto em cada velha foto

De fato já não o tenho

Temo não mais encontrá-lo

Rondo as redondezas em seu encalço

Seu desfalque é meu percalço

Aprazia-me poder vê-lo

Olho o espelho deserto

Decerto havia um rosto ali

Alimento a esperança de encontrá-lo

Fitá-lo novamente é o que desejo

Vejo que sem ele não existo

Não desisto de buscá-lo

Sinto-me desnorteada

De nada vale a vida sem que o tenha

Perdi meu rosto

Dentro dele havia um sorriso

Se encontrá-lo, favor me devolva

Recompensarei com o que for preciso."


(Manuella Coelho)

Monday, March 26, 2007


CONCRETO


Sou concreto
como os desejos
que se derramam
e respingam nos azulejos.

Concreto como um precipício
corpo que cai
sem tempo
de olhar para trás.

Concretocortante
menos que diamante
talvez mera pedra
que quebra o vidro.

Sou concreto
e disso ninguém pode duvidar
trago em mim a dúvida
que um dia se concretizará...


(Gustavo Adonias)
*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Saturday, March 24, 2007


GIRA-VIDA

"Espiral azul

Você dando voltas no cabelo com o dedo

O mundo girando em um balé cósmico

Tudo gira

A vida desfila

Porta-bandeira em apoteose

Borboletas em redemoinhos

Folhas caindo em ritmo

Rodando

Você rodopiando à minha passagem

Paisagem em movimento

Moinho de vento

Tudo gira

Gira vida."


(Gustavo Adonias)
*Poesia Registrada na Biblioteca Nacional*

Wednesday, March 21, 2007



FILOSOFIA

"Filosofia


Fim ou começo ?


Fato ou fantasia ?


Fundo


Fenda


Fagulha


Flor da mente


Futuro fatiado


Foco no desconhecido


Feminina luz


Fascinante


Fatídico destino


Fogo fatal


Fundamental pedra."


(Gustavo Adonias / Raiblue)


*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Sunday, March 18, 2007


ALMA DO BLUES


"Ouço um blues

Olhando para o céu sem rumo

Minha alma desarrumada

Lança-se alada

Mergulha no cosmo da cidade caótica, sem nexo

Bebo vinho sem pensar em nada

Desejo e desvario

Neste mundo tão frio

Desfazendo-se a cada minuto em ilusões

Nada volta atrás

Às vezes só a alma do blues

Me satisfaz."


(Gustavo Adonias)
*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Wednesday, March 14, 2007


14 de março, Dia da Poesia !


"...PAREM

EU CONFESSO

SOU POETA


CADA MANHÃ QUE NASCE

ME NASCE UMA ROSA NA FACE..."


(Paulo Leminski)



Uma homenagem a todos que fazem das palavras sua janela de ver o mundo....



Tuesday, March 13, 2007



ARTESANATO DE SER


O pôr-do-sol

Cor de sangue

Pulsa em minhas veias

Que querem voar

Ir até o mar

Porto da barra de amar

Artesanato de ser

Renascer dia-a-dia

Doce magia

Muito além "do que supõe

Nossa vã filosofia"...


(Gustavo Adonias)


*Poesia Registrada na Biblioteca Nacional*

Saturday, March 10, 2007


ANTÍDOTO


"Vôo sem fim

Mil milhas

Subsolo

Amor debaixo do lençol

Lenço branco

Acenando

Dor despida

Despedida

Fonte quente

Pulsante

Latente vida

Flor e ferida

Fuga e vento

Ópio

Dia cinzento

Antídoto

Para o esquecimento."


(Gustavo Adonias)
*Poesia Registrada na Biblioteca Nacional*

Thursday, March 08, 2007


SER MULHER É SER SEMENTE

"Clarices e Rosas
Sangram e sentem
Ser mulher é ser semente

É ser fruto doce e dolorido
É agarrar a vida
Pela saia, pois a vida também é mulher

Ser mulher é ser Maria, ser Cecília
É ser em demasia
É ser a alma da fantasia

É ser Eva e a maçã
A serpente e a árvore
A casa, a praia, a lua, a emoção

Definitivamente, ser mulher é ser semente."


(Gustavo Adonias)


*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Saturday, March 03, 2007



PRISÃO DA ILUSÃO

"Vivemos pensando
Que a vida é fruto da razão
Trilhamos caminhos vãos
Nos sentindo livres
Dentro da prisão da ilusão
Donos do mundo
Órfãos de emoção
Reféns de nós mesmos
Na parede do pensamento
Deus preconceituoso
Que aprisiona a alma
E o nosso destino
Alter ego
Lago profundo
Falsa sensação
De controlar o coração..."

(Gustavo Adonias – Raiblue)

Thursday, March 01, 2007

ÍNTIMA DESPEDIDA
O trem parte
Uma parte fica
A parte de dentro
Dentre todas as partes
É a que sente
Que daqui pra frente
Sentir será doer
Lembrar moer
Rir sem sentido
Ir embora sem destino
Na madrugada
Única testemunha
Da íntima despedida.
(Gustavo Adonias)