Sunday, January 25, 2009



TUA BOCA, MINHA ESTRADA (para a perdição...)


Sigo os teus passos

Até perder-me em teus laços

Lasso em teus abraços

Doce letargia em meu coração

Rubro labirinto

Mudo de emoção

À cada minuto

Curto-circuito

Caminho mais rápido

Em tua direção

Tua boca marca o cálice com batom

Já não digo mais nada

Calar-te em um boca à boca

É a minha salvação

Já não me responsabilizo

Apelos e avisos já não tem mais sentido

Nem as curvas da estrada

Nem o meu peito na contra-mão

Só me interessam outras curvas

Outras pistas molhadas

Que me levem para o céu ou para o inferno

(tudo é uma questão de referência ou preferência)

Só o que me importa agora é tua boca

A despistar a minha razão, burra e cega

Mais esperta é a emoção

Que desperta e fica louca

Para mergulhar em teu abismo

Para morrer e renascer

Sob as dobras do teu blusão...


(Gustavo Adonias)


*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Friday, January 16, 2009


ASSOMBRO

Brinquemos a girar

Em uma louca ciranda

De redemoinhos de vento

Em um jardim que já não há


Dancemos sem pares

E sem música

Emaranhados em um mudo novelo

Improvável canção a nos embalar


Assinemos um acordo

Acerto firmado

Em um barco

No lago seco do permanecer


Façamos um brinde

Em taças de vento

Com o álcool do firmamento

Azul-cinzento

A nos entorpecer


Sonhemos acordados

Na última hora

Com a vida lá fora

Já que aqui dentro

Esquecemos de viver


Deitemos na colcha

De retalhos do tempo

Trapos de antanho

Em uma cama de cacos

Como fáquir sem esperança


Sigamos pela estrada

Em meio à cerrada neblina

Na contra-mão da retina

Para que em nossa sina

Ninguém possa nos ver


Deixemos a cidade às pressas

Em um trem ultra-veloz

Para que as lembranças

Não nos assombrem mais...


(Gustavo Adonias)


*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*