Saturday, January 29, 2011



LUGARES INDEFINIDOS


As luzes das cidades que eu não conheço

Parecem brilhar com maior intensidade

O que me é estranho inspira-me mais saudades

As flores dos distantes jardins

Me fazem sentir um aroma sem igual

Os sabores exóticos entorpecem o meu paladar

Muito embora eu nunca tenha saboreado-os

Dos lugares em que nunca estive

Conheço até os seus pormenores

Os seus mínimos detalhes

Já, o que está facilmente ao meu alcance, ignoro

Minha alma tende a sentir-se familiarizada

Com o que para ela é estrangeiro

Já, quanto ao que transcorre ao seu lado

Não conhece nem uma mínima parte

Fica a iluminar os remotos países

E joga nas sombras o que lhe é cotidiano

O espaço é relativo

Perto ou longe

São lugares indefinidos...


(Gustavo Adonias)
*poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Wednesday, January 26, 2011



A QUEDA DE UM ANJO


Um anjo de asas vermelhas

Voando em círculos

Vai perdendo altitude

Tal como um avião abatido pelo fogo do inimigo

A queda demora o tempo delicado da espera

O ser alado de asas feridas

Ruma ao solo

Anjo caído

Cheio de falhas e imperfeições

Surreal tela

O anjo que cai também sou eu

Suas asas despedaçadas são a minha alma

E o meu humano coração de ilha

A mil milhas do continente mais próximo

Sozinho e rubro

Batendo fundo

Como a queda de um anjo ao crepúsculo...


(Gustavo Adonias)

*poesia registrada na Biblioteca Nacional*



Thursday, January 13, 2011



MIRAGEM


O olho reflete a miragem


Mensagem decodificada


Em ondas neurais


A pupila dilatada


A visão do paraíso


Fantasia do abismo


Deserto camuflado em oásis


Sertão transformado em mar


Tudo é secura


Onde a mente só vê um jardim florido


Tudo é delírio


Armadilha para os sentidos


O espinho lancinante


Vira flor em um instante


As pálpebras fecham-se


Acreditando que viram Deus...




(Gustavo Adonias)



*poesia registrada na Biblioteca Nacional*