Sunday, July 17, 2011

ARES DE LUZES (nos céus de Van Gogh)

tela de Van Gogh


Nos céus de Van Gogh
Estrelas turbulentas
Rodopiando feito moinhos de vento
Nossa razão gira
O coração pulsa
Ciclones de incerteza
Rara beleza há na loucura
Dos seres que brilham nas noites mais escuras
Um acorde ecoa
É a alma que canta
E voa liberta
Pelos ares de luzes...

(Gustavo Adonias)

*poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Monday, June 13, 2011

A BUSCA DO POETA



 


O coração do poeta
Entre o alvo e a flecha
Segue a sina
Pela estrada imperfeita
Olha no olho do ciclone
Sente uma coisa sem nome
Um desejo de voar sem asa
Destino de não ter casa
Desatino de quem sempre busca
Uma vida maior que as linhas que escreve
Uma eternidade, ainda que breve
Uma imortalidade, que cabe no espaço de uma saudade
O poeta busca nos céus a sua morada...



(Gustavo Adonias)


*poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Monday, March 28, 2011



CHOVE


Chove sobre a cidade

Lavando as ruas

Levando as dores nuas

Quiçá renovando a existência

Dando alma à alma humana

Já tão carente de esperanças


Chove

E a vida segue, cega

Os homens já não vêem seus irmãos

Que a chuva seque as lágrimas

E o sol volte a brilhar

No peito humano...


(Gustavo Adonias)



*poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Sunday, February 27, 2011


A ETERNA CASA DO AMOR

Solidão não mais me assombra
Hoje tenho porto certo
E um coração liberto
Já não tenho medo
De um futuro escuro
Hoje trago uma chama de esperança em meu peito
E asas com as quais percorro
A eterna casa do amor...

(Gustavo Adonias)


*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Sunday, February 13, 2011


PEQUENO VILAREJO


Manhã aberta a sonhos

Rosa no peito

A vida brinca nos poros

Chaga cicatrizada do ontem

Fronte luminosa

No delta do dia

Barcos saem para o mar

Sina incerta

"Vou trabalhar, meu bem querer..."

Brancas nuvens movem-se

Vazias e calmas

O ar marítimo

Navega os alvéolos

Tudo é festa para os sentidos

Eterno ensaio da aurora

Para a grande peça diária

Alimento para o corpo e a alma

Os homens aos poucos despertam

Em gestos diários

Acenam os reencontros

O cotidiano sem pressa

Abre novamente suas janelas

Tudo segue o seu curso

No pequeno vilarejo que há em nós...


(Gustavo Adonias)
*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Saturday, January 29, 2011



LUGARES INDEFINIDOS


As luzes das cidades que eu não conheço

Parecem brilhar com maior intensidade

O que me é estranho inspira-me mais saudades

As flores dos distantes jardins

Me fazem sentir um aroma sem igual

Os sabores exóticos entorpecem o meu paladar

Muito embora eu nunca tenha saboreado-os

Dos lugares em que nunca estive

Conheço até os seus pormenores

Os seus mínimos detalhes

Já, o que está facilmente ao meu alcance, ignoro

Minha alma tende a sentir-se familiarizada

Com o que para ela é estrangeiro

Já, quanto ao que transcorre ao seu lado

Não conhece nem uma mínima parte

Fica a iluminar os remotos países

E joga nas sombras o que lhe é cotidiano

O espaço é relativo

Perto ou longe

São lugares indefinidos...


(Gustavo Adonias)
*poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Wednesday, January 26, 2011



A QUEDA DE UM ANJO


Um anjo de asas vermelhas

Voando em círculos

Vai perdendo altitude

Tal como um avião abatido pelo fogo do inimigo

A queda demora o tempo delicado da espera

O ser alado de asas feridas

Ruma ao solo

Anjo caído

Cheio de falhas e imperfeições

Surreal tela

O anjo que cai também sou eu

Suas asas despedaçadas são a minha alma

E o meu humano coração de ilha

A mil milhas do continente mais próximo

Sozinho e rubro

Batendo fundo

Como a queda de um anjo ao crepúsculo...


(Gustavo Adonias)

*poesia registrada na Biblioteca Nacional*



Thursday, January 13, 2011



MIRAGEM


O olho reflete a miragem


Mensagem decodificada


Em ondas neurais


A pupila dilatada


A visão do paraíso


Fantasia do abismo


Deserto camuflado em oásis


Sertão transformado em mar


Tudo é secura


Onde a mente só vê um jardim florido


Tudo é delírio


Armadilha para os sentidos


O espinho lancinante


Vira flor em um instante


As pálpebras fecham-se


Acreditando que viram Deus...




(Gustavo Adonias)



*poesia registrada na Biblioteca Nacional*