Saturday, April 28, 2007



MECANISMO


"A casa do sol

Se pondo como um imenso manto

E a noite

Vindo como alívio e açoite


O astro-rei

Como um caracol

Entrando em sua capa

Carapaça astral


A noite subindo

Como na volta de um mergulho

Nas ilhas submersas

Do dia


O ciclo cósmico

Karma próprio

Mecanismo do relógio

Empurra as estrelas para nosso campo de visão."


(Gustavo Adonias)


*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*


Tuesday, April 24, 2007


REDESCOBERTA


"A redescoberta se dá no dia-a-dia

Nas coisas banais, aparentemente iguais

Mas únicas

Círculos dentro de círculos

Carrossel, moinhos de vento

Aproximando os diferentes caminhos

Abrindo possibilidades novas, sem fim

Fazendo redescobrir que a vida também é festa

Magia saborosa e sedutora

Sinfônica orquestra cotidiana."


(Gustavo Adonias / Raiblue)


*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Saturday, April 21, 2007


SERTÃO DE SER


"Sertão de ser

Ser tão eu

Ser não sem você

Sem chão sem te ver

Sem fim em mim

Racham-se ilusões secas."


(Gustavo Adonias)


*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Wednesday, April 18, 2007


MERGULHO EM MIM


"De tanto mar


Sou assim, pirata e navegante


De tanto azul


Sou sobrenatural


Brilho no escuro


De tanto delirar


Me tornei poeta


Minha vida é uma flecha


Fere fundo, dolorosamente


Minha vida é uma festa


Comemoro cada último segundo


Ai de mim se não fosse assim


A poesia é meu antídoto


Meu rosto,meu gosto, meu gozo


É um estar fora de mim


Quando em mim há qualquer coisa de razão


É um soltar as âncoras


Libertar todo o meu coração


Mergulhar fundo no abismo da emoção."


(Gustavo Adonias)


*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*


Saturday, April 14, 2007


NOITE

"A noite chega pra uns como chaga

Aberta ferida do silêncio

Para outros a noite é bálsamo

Alívio para um dia pequeno

Uns vêem a noite como terreno mágico

De anjos e assombros

Outros se recusam a qualquer fantasia

Raciocinam a noite como só mais um punhado de horas frias

A noite derrama sobre alguns um líquido sensual

Chuva, orgasmo e veludo

Para outros é a hora da agonia

Quando os lençóis se tornam cordas a torturar

Há os que acham que a noite é apenas mero descanso

Diferentemente dos insones

Que passam pela noite como por um deserto de areias sem fim

Para os poetas e sonhadores, que sonham acordados

A noite é uma fada azul delirante

Noite, casa das mil máscaras, espelhos infinitos."


(Gustavo Adonias)


*Poesia registrada da Biblioteca Nacional*

Tuesday, April 10, 2007


PÚRPURA ADAGA

"Forjei lâmina

De aço em brasa

Flor incendiária

Quase uma lenda


Cortei montanhas

Dividi continentes

Fui rei e senhor

De terras e gentes


Mas um dia ela surgiu

Com uns olhos devastadores

Derreteu o bruto aço

Apenas com a sua doce presença


Escreveu minha sentença

Meu império caiu

Então descobri que nenhum arsenal

Vence a arma mais sutil e poderosa que há

A púrpura adaga do amor."


(Gustavo Adonias)
* Poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Sunday, April 08, 2007


MEIO

"Ando a esmo
Em mim mesmo
Me perco

Não há meio
De ser inteiro
Sou meio."

(Gustavo Adonias / Raiblue)


*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Friday, April 06, 2007



EM MIM


"Trago em mim

Minhas próprias asas

E também minha gaiola


Um olhar atento

E a cegueira mais profunda


Trago a floresta mais densa

E um machado afiado


Há em mim o vazio de um deserto

E o caos da metrópole


Um lago transbordante

E a sede mais terrível


Trago em mim o que me salva

E o veneno que um dia me matará."



(Gustavo Adonias)


*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Monday, April 02, 2007



ADEUS ILUSÃO


"Eu me dispo


Viro-me ao avesso


Arranco essa falsa aparência


Essa ânsia de parecer normal


De andar como os outros andam


Viver a mesma vida homogênea


Sonhar os mesmos sonhos


Ser a mesma coisa


Pessoa de sempre


Sem heterônimos


Sem ter um outro eu


Que goze a vida


Eu só sei da ferida


Da viva e vermelha chaga


Que chama-se coração


Chama que chega na garganta


E me faz gritar mudo:


'Adeus ilusão' ."


(Gustavo Adonias)



*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*