COMPOSIÇÃO
"E é sempre a chuva
nos desertos sem guarda-chuvas
e a cicatriz, percebe-se, no muro nu.
E são dissolvidos fragmentos de estuque
e o pó das demolições de tudo
que atravanca o disforme país futuro.
Débil, nas ramas, o socorro do imbu.
Pinga, no desarvorado campo nu.
Onde vivemos é água. O sono, úmido,
em urnas desoladas. Já se entornam,
fungidas, na corrente, as coisas caras
que eram pura delícia, hoje carvão.
O mais é barro, sem esperança de escultura."
(Carlos Drummond de Andrade)
Friday, May 26, 2006
Wednesday, May 17, 2006
SENTIR
"Hoje não me sinto bem
Não me sinto eu
Nem me sinto
Sinto que as horas congelaram
E as calotas derreteram
Tudo é mar e nada passa
Sinto muito
As vezes sentir é demais
Parece que nada faz sentido
E tudo isso não volta atrás
Hoje não me sinto bem
Mas também tanto faz
Sentir e ser
Isso já não me satisfaz
O que importa
É que tudo continua
A vida, e a agonia
Dia após dia..."
(Gustavo Adonias)
"Hoje não me sinto bem
Não me sinto eu
Nem me sinto
Sinto que as horas congelaram
E as calotas derreteram
Tudo é mar e nada passa
Sinto muito
As vezes sentir é demais
Parece que nada faz sentido
E tudo isso não volta atrás
Hoje não me sinto bem
Mas também tanto faz
Sentir e ser
Isso já não me satisfaz
O que importa
É que tudo continua
A vida, e a agonia
Dia após dia..."
(Gustavo Adonias)
Monday, May 08, 2006
CIDADÃO QUEM
"Cidadão quem
Acorda todo dia
Já atropelado pelo relógio
Engole o café de sua vida requentada
Se despede da mulher com um beijo sem emoção
Reza antes de bater a porta
E sai com a madrugada sob seus pés
Pega condução
Sua única condição
De chegar em seu subemprego
E bater o ponto da aflição
Trabalha feito burro de carga
Só para na hora da bóia
Arroz, feijão e medo do mundo cão
No fim do dia
Chega em casa mais morto que vivo
Mal fala com a mulher
Nem vê o filho, órfão de pai vivo
Com a barriga vazia
Vai deitar sobre seus trapos
E sonhar com um mundo melhor
Antes de acordar para o pesadelo da realidade
Cidadão sem cidadania
Cidadão quem?
Cidadão ninguém."
(Gustavo Adonias)
"Cidadão quem
Acorda todo dia
Já atropelado pelo relógio
Engole o café de sua vida requentada
Se despede da mulher com um beijo sem emoção
Reza antes de bater a porta
E sai com a madrugada sob seus pés
Pega condução
Sua única condição
De chegar em seu subemprego
E bater o ponto da aflição
Trabalha feito burro de carga
Só para na hora da bóia
Arroz, feijão e medo do mundo cão
No fim do dia
Chega em casa mais morto que vivo
Mal fala com a mulher
Nem vê o filho, órfão de pai vivo
Com a barriga vazia
Vai deitar sobre seus trapos
E sonhar com um mundo melhor
Antes de acordar para o pesadelo da realidade
Cidadão sem cidadania
Cidadão quem?
Cidadão ninguém."
(Gustavo Adonias)
Tuesday, May 02, 2006
SEREIAS
No grande mar
Azul sem fim
Trópicos e linhas imaginárias
Recifes, golfos, praias, baías
Estrelas e constelações
Guias eternos
Vento cortante
Medo de naufragar
De navios fantasmas
Monstros marinhos
De nunca chegar
Não mais amar
Se perder
Pelo canto suave de lindas sereias
Mulheres do mar
Que nos querem afogar
Nesse oceano profundo
De fúria e desejo.
(Gustavo Adonias)
No grande mar
Azul sem fim
Trópicos e linhas imaginárias
Recifes, golfos, praias, baías
Estrelas e constelações
Guias eternos
Vento cortante
Medo de naufragar
De navios fantasmas
Monstros marinhos
De nunca chegar
Não mais amar
Se perder
Pelo canto suave de lindas sereias
Mulheres do mar
Que nos querem afogar
Nesse oceano profundo
De fúria e desejo.
(Gustavo Adonias)
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