Wednesday, February 18, 2009


SAGA DA PALAVRA


Letras minguadas

Aguadas sílabas

Vão escorrendo

Pela fria vidraça

Formando palavras-casulos

Nascedouros de palavras-borboletas

Ninhos de palavras-passarinho

Toda uma fauna e flora de palavras

Desabrocham de mansinho

Assim que a fina pena toca

O relevo alvo do papel

Poéticas pálpebras se entreabrem

E a molhada lágrima-palavra

Leva e lava a estrada

Rumo à palavra-enseada

Velas-palavras abertas da alma

A derramarem-se no oceano da poesia

E sumirem tão calmas

Como surgiram...


(Gustavo Adonias)


*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Wednesday, February 04, 2009


AMORES URBANOS (no caos cotidiano...)


Grandes cidades

Amores urbanos

No caos cotidiano

O concreto fere

E forja as relações

Companheiros de individualismo

Vizinhos de solidão

Estamos perdidos

Sonhando com alguém

No meio da multidão

Que complete

Nossos divididos corações

Estilhaços de sonhos

Olhares sem tempo

Tudo é muito rápido

Nesta lenta agonia

Já não olhamos para o lado

Já não damos mais bom dia

Vivemos da aritmética fria

De multiplicar e não dividir

Não damos chance

Para que os outros alcancem

Nossas mentes e corações

No peito vazio

Sentimos frio

Nos aquecemos com ilusões

Cotidianamente...


(Gustavo Adonias)


*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*