Thursday, November 18, 2010



A PÁGINA PERDIDA
(NO ENORME SILÊNCIO DA MADRUGADA...)



A misteriosa penumbra da noite

Fria flor, pálida sina

Saara sem fim sob a colcha fina

A tez da insônia é clara

Os ponteiros dizem que sim

Derrama-se a última gota do absinto

Explode no assoalho em cor de anis


Falta uma página no livro

Aquela marcada por pétalas ressecadas

Que jaziam murchas, sem perfume

Naquela folha amarelada

Eu havia anotado

O seu codinome secreto

Revelado apenas para mim

Ele servia de senha

Para o portal de sua alma, o seu labirinto e o jardim


Perdi a calma e o sono

Fiquei a roer as horas

Esperando o longínquo amanhecer

Atravessando civilizações extintas

Ruínas do querer

Sorvendo cálices e mais cálices

Do vinho tinto das lembranças

Que passavam brancas

No enorme silêncio da madrugada...


(Gustavo Adonias)
*poesia registrada na Biblioteca Nacional*