Thursday, September 21, 2006

RESTOS MORTAIS

" Sobre a cidade, a noite cai
E uma sombra se espalha
Uma multidão de mortais
Cheia de dor,se esvai

Pessoas circulam pelas avenidas
Com suas máscaras iguais
Sem rostos, vão se reproduzindo
Máquinas mortíferas, pós-modernismo

Voltam para casa
Sem desejos, sem nada
A fome já não incomoda
Sem sonhos, dormem e acordam

Rostos, restos, reflexos
Prosseguem imersos
No caos cósmico moderno
Deserto humano de concreto

Não se reconhecem
Nem se estranham
Apenas passam

Como poeira
Num tempo despedaçado
Sem futuro, nem passado...

E do antropofágico homem moderno
Apenas vestígios, restos..."

(Raiblue)

1 comment:

Gustavo Adonias said...

Essa poesia traz algo forte e inquietante, que infelizmente está longe de ser ficção. Vivemos numa sociedade fragmentada, onde as pessoas vão perdendo qualquer referencial, andando em círculos, quando não em direção ao abismo. Rai, essa poesia sua me fez lembrar a "Etnologia da Solidão", com suas largas avenidas e imponentes arranhas céus, ôcos em humanidade e esperança. Bela crítica à pós-modernidade que estraçalha os sentimentos humanos. Só posso agradecer.De coração.