Wednesday, May 27, 2009

O INCENDIÁRIO


No quarto noturno

Esquecido do mundo

Idéias incendiárias

Começaram a brotar

De uma pequena brasa

No fundo da mente

Acendeu-se o pavio

Logo tudo iria pelos ares

Aquela vida sem sentido

Nula de emoções

Seria consumida

Pelas lânguidas labaredas

Loucas para se deliciar

De repente

O quarto ficara pequeno

Minúsculo cubículo

De uma casa também minúscula

De pessoas não menos minúsculas

Tudo ínfimo, enfim

Desceu as escadas como um dardo

Um cão de fogo alado

Prestes a tudo incendiar

Com uma fúria

A tanto tempo contida

Uma vida inibida

Uma estranha letargia

Que o prendia

E o fazia extremamente infeliz

Agora liberto

O incendiário

Ganhava as ruas

As praças

Os prédios

A cidade inteira

Para queimar

Tudo parecia tão pequeno

Aquele mundinho cotidiano

Aquela falsa aparência de bem-estar

Tudo estava com os dias contados

Arderia em chamas

Viraria ruínas

Cobertas de fuligem

E junto a tudo

As memórias

Seriam apagadas

Pela fúria do fogo

Tudo sumiria

Até mesmo o incendiário

Consumido pelo incontrolável

Desejo ardente de tudo queimar

E renascer das próprias cinzas

Como a ave fênix

Pronta para arder novamente

Eternamente...
(Gustavo Adonias)


*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*

1 comment:

Anonymous said...

Eterno também serão teus poemas...
Abração, bjinho
Pati/ Santo andré/ SP