DESCALÇO SOBRE OS DESTROÇOS
Descalço sobre os destroços
Vago com o silêncio entre os dentes
Rangendo pungente
Entoando a voz dos que calam
Dos que nunca clamaram
Mudos de esperança ou de nascença
Percorro a noite
Entre a cruz e a espada
Coroa de espinhos afiada da madrugada
Ando na rua que havia
Antes da bomba fria
Destroçar as flores de sépia
Caminho em um trilho vazio
Obscuro fosso de um tempo interrompido
De um relógio parado
Volto da vida mais cedo
Como de um banquete estranho e amargo
Bebo do vinho das entranhas ardentes da alma
Ácido entorpecente que jorra
Inunda e afunda
A terra que resta
Única ilha ainda não submersa
Rubra pétala do último amor...
(Gustavo Adonias)
*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*
1 comment:
Rubras pétalas as palavras espalhadas por aqui.
Prazer em conhecer!
Beijos
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