CIDADÃO QUEM
"Cidadão quem
Acorda todo dia
Já atropelado pelo relógio
Engole o café de sua vida requentada
Se despede da mulher com um beijo sem emoção
Reza antes de bater a porta
E sai com a madrugada sob seus pés
Pega condução
Sua única condição
De chegar em seu subemprego
E bater o ponto da aflição
Trabalha feito burro de carga
Só para na hora da bóia
Arroz, feijão e medo do mundo cão
No fim do dia
Chega em casa mais morto que vivo
Mal fala com a mulher
Nem vê o filho, órfão de pai vivo
Com a barriga vazia
Vai deitar sobre seus trapos
E sonhar com um mundo melhor
Antes de acordar para o pesadelo da realidade
Cidadão sem cidadania
Cidadão quem?
Cidadão ninguém."
(Gustavo Adonias)
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