
A PÁGINA PERDIDA
(NO ENORME SILÊNCIO DA MADRUGADA...)
A misteriosa penumbra da noite
Fria flor, pálida sina
Saara sem fim sob a colcha fina
A tez da insônia é clara
Os ponteiros dizem que sim
Derrama-se a última gota do absinto
Explode no assoalho em cor de anis
Falta uma página no livro
Aquela marcada por pétalas ressecadas
Que jaziam murchas, sem perfume
Naquela folha amarelada
Eu havia anotado
O seu codinome secreto
Revelado apenas para mim
Ele servia de senha
Para o portal de sua alma, o seu labirinto e o jardim
Perdi a calma e o sono
Fiquei a roer as horas
Esperando o longínquo amanhecer
Atravessando civilizações extintas
Ruínas do querer
Sorvendo cálices e mais cálices
Do vinho tinto das lembranças
Que passavam brancas
No enorme silêncio da madrugada...
(Gustavo Adonias)
*poesia registrada na Biblioteca Nacional*